A SÉRIE QUE VALE POR TUDO

UM EXEMPLO DE BOM CINEMA MAIS
UMA CENA DE SEXO TOCANTE E BELA
 
Parece que definitivamente as séries americanas e européias estão dominando grande parte dos canais pagos e posso até dizer, invadindo certos horários de programação das tvs abertas.
Entre dezenas de títulos as duas séries produzidas em co-produção com o Canadá, "THE TUDORS" (sensacional) e "OS BÓRGIAS" (muito boa) em sua segunda temporada, se destacaram. Entretanto nada vem batendo a maestria de "HOMELAND" americana que acaba de conquistar vários e merecidos prêmios no Globo de Ouro. Os meandros do poder americano, falcatruas e intrigas deixam o espectador excitadíssimo, cada vez mais esperando por desfechos que levem a descobertas sobre a pretensa (ou real) lavagem cerebral feita por asiaticos em 2 soldados que retornam da guerra na Ásia. Não fosse somente isso, no segundo ou terceiro capítulo da primeira temporada nos deparamos com uma das cenas mais belas de todos os tempos, em relação a sexo.
Um dos soldados, em contato com a esposa que quer lhe dar sexo, agradar, acariciar, simplesmente afasta suas mãos e pede que ela mostre apenas os seios. Os dois estão ajoelhados frente a frente em seu quarto e ele, olhando para ela, para seu corpo, se masturba. O que para muitos espectadores pode ter passado batido, foi que, aquele homem, que passou anos enfiado num buraco escondido nas terras inimigas, usava sua imaginação imaginando a mulher e se masturbando. Nada mais podia fazer e era, digamos assim, sua terapia para escapar da loucura total. A maneira como isto foi filmado, à meia luz, sem mostrar nada escabroso ou revoltante, torna sem dúvida alguma "HOMELAND" algo espetacular, em termos de cinema. Nas fotos, extraídas do site oficial da série, vemos os astros principais, Damian Lewis, Claire Dames e Morena Baccarin (ela é carioca) agora novamente aclamados pela crítica e público internacionais.
 
 


HERNANI: PERDA SENTIDA

Eu tinha cerca de 19 anos e começava a batalhar na imprensa de Curitiba, quando entrevistei Hernani Donato para o jornal "O Estado do Paraná". Confesso que aquele homem de uma sensibilidade impar me impressionou com seus projetos, suas realizações e suas ideias. Sempre pude acompanhar sua carreira pois morei anos depois quase uma década e meia em São Paulo. Hernani foi diretor da gigantesca Abril e bem mais tarde da Melhoramentos. Em meio a isso seus livros iam sendo publicados e alguns roteirizados por ele próprio para o cinema. Já em 1958 "CHÃO BRUTO" teve sua primeira versão com uma jovem e bela Regina Duarte no elenco. Chão foi refilmado anos depois 1976 com outro elenco.
"SELVA TRÁGICA" estrelado por Reginaldo Farias foi outro filme roteirizado pelo grande Hernani que nos anos seguintes entrou para a Academia Paulista de Letras, aclamado pelos seus pares. A vida continuava. Com a sua Neli e 2 filhas e 1 filho vivia entre Botucatu e São Paulo, sempre comandando algum novo projeto.
Na foto vemos cena de "Selva..." com Reginaldo Farias e Rejane Medeiros. Para não "perder o costume" Hernani ainda ajudou no roteiro do épico "O CAÇADOR DE ESMERALDAS" (foto de cena) nos anos 80.
Nos últimos anos dedicou-se mais ainda à família, nunca abandonando porém os seus sonhos. HERNANI DONATO, um homem cujo falecimento no mês passado foi sentido pelo Brasil cultural inteiro e pelo povo com quem lidou, parentes e amigos. Vai o homem, nunca a sua obra.

DE TODOS OS TEMPOS...

 


HUMOR SEMPRE (BOM) HUMOR
MAS NEM SEMPRE... BOAS VENDAS
 
Nos anos 70 e parte dos 80 Curitiba viveu a efervescência de grandes e geniais autores de piadas, charges, histórias em quadrinhos. Tudo sob o comando de Faruk El-Khatib que praticamente se apoderou da Grafipar, empresa que mantinha com seu pai e seu irmão Faissal. Com mente aberta e louco para deslanchar da cidade para o Brasil uma grande editora, passou a lançar dezenas de revistas em formato pequeno, cuja "Peteca" no gênero mulher nua - "Carol Blue" no gênero fotonovela e "Rose " no gênero homo, se tornaram seus carros chefes. Junto a elas, que praticamente sustentavam a Grafipar nas vendas, Faruk acolheu e  lançou supervisionado por Cláudio Seto dezenas de desenhistas (alguns bons - a maioria fracos) e com eles fez quase uma centena de revistas de histórias em quadrinhos, piadas etc. Quero deixar claro que ao contrário do que é dito no livro de Gonçalo Junior, "Maria Erótica e o Clamor do Sexo", NUNCA foram as HQs etc que mantiveram a Grafipar. Elas  eram apaixão do editor e complemento de lançamentos maiores e bem mais elaborados (repito Peteca - Carol Blue - Rose). Não existissem estas, as HQS nem teriam sido lançadas pois a tiragem e consequente venda de exemplares era mínima. A grande derrocada da Grafipar  foi a megalomania do seu dono que não sossegou enquanto não conseguiu os direitos de publicação no Brasil da revista Penthouse, à época a grande rival da Playboy. Embora o número 1 tenha estourado nas bancas, do segundo em diante as vendas só caíram e levaram a Grafipar com elas, até o pedido de concordata que acabou com o sonho da grande editora, tão acalentado. Hoje, o local que sediava o Parque Gráfico da empresa, uma quadra inteira no Jardim das Américas, virou um colégio de segundo grau e Faruk, depois de inúmeras tentativas de voltar a editar suas lucrativas historietas, sem sucesso, dedica-se à revista "Where", espécie de guia de compras e comidas e serviços da grande Curitiba. Uma pena... Recordando os velhos tempos estou publicando uma charge do artista plástico Douglas Mayer (na foto) e piadas que faziam a festa da garotada dentro das páginas da "Peteca"...  Afinal, recordar é viver...
 


O VELHO PROBLEMA CONTINUA NOVISSIMO

Lendo artigo ainda recente (domingo, 28 de outubro) de Paulo Camargo na Gazeta do Povo, Caderno G (Diversidade na tela grande), constatei algo que sempre soube e que irrita qualquer cristão ligado a cinema. Ele diz que a produção nacional gira hoje em torno de 70 a 90 longas anuais, mas que poucos filmes conseguem se destacar, ou melhor dizendo, conseguem ser vistos, em exibições normais na telona. Tanto esta reportagem como dezenas de outras que foram escritas anteriormente ao longo dos tempos, recrimina geralmente os lançamentos americanos, as redes distribuidoras que enchem suas salas com os filmes de Tio Sam, não dando lugar ao filme nacional. Explica Paulo que muitos filmes são feitos com recursos públicos das leis de incentivo cultural e que mereciam melhor sorte.
 
 
Concordo em parte, mas ressaltando que a grande maioria destes filmes são verdadeiras “malas sem alça”, chatíssimos (vide "Eu Sei que Vou te Amar" foto acima) e não merecem mais do que algumas cópias para exibição em salas (pequenas) dedicadas aos chamados filmes de arte. Mesmo os bons filmes de arte devem ficar restritos a estas salas, que deveriam existir em cada multiplex aberto. Desta maneira acabariam as queixas dos cinéfilos e da “inteligentzia” das cidades. Eu acho até que Curitiba é bem servida neste sentido com os enganosos cinemas do Shopping Cristal administrados pelo Itaú e pelas iniciativas certeiras dos cinemas do Shopping Batel, além da Cinemateca. A Cinemateca e os cinemas do Batel tem trazido ao público obras maravilhosas de várias nacionalidades e no caso da sala da Fundação Cultural nada mais certo do que abrir espaço para os filmes de arte nacionais. No espaço do governo, filmes geralmente patrocinados com dinheiro do governo. Certo? Certíssimo! Errado foi a Fundação Cultural de Curitiba ir perdendo os outros cinemas que possuía (Ritz, Luz) por descaso e falta de cuidados com os contratos que mantinha com os proprietários das áreas. Espero que Gustavo Fruet na Prefeitura consiga transformar o antigo quartel da Rua Riachuelo em salas de exibição como tanto se tem falado e não aconteça ali o que aconteceu com o Centro Cultural do Portão em cujas dependências o Cine Guarani voltou a funcionar levando pouquíssimos espectadores às sessões. Ali está ocorrendo um erro tremendo de marketing. O local não é o ideal para filmes de arte. A programação deve ser popular. De qualidade, mas popular, que atraia os mais humildes e os mais abastados. Na Riachuelo, dentro do propalado centro histórico sim, devem voltar a funcionar os cinemas de rua da Fundação com os filmes cult, de arte e muito, muito cinema nacional, dando a oportunidade aos realizadores “experimentais” de verem suas obras na telona. Está na hora da “inteligentzia” das cidades se conscientizar de que cinema é arte, mas também diversão cara para ser viabilizada. Na área de negócios do Festival do Rio 2012 o assunto foi discutido. Representantes da Paramount, Freespirit, Sony Pictures, Fox e Disney abordaram rumos do cinema nacional e deixaram claro que faltou (pelo menos no ano) algo que chamasse mais a atenção do grande público. Disseram que o cinema só não vai crescer mais em comparação com outras épocas “em função do fraco desempenho do cinema nacional”. E eles tem razão. Não “cola” mais o discurso de que o culpado pelas poucas rendas dos nacionais é problema dos estrangeiros, que ocupam as salas. Basta haver coisa interessante e bem feita para o publico correr às salas. Bruno Wainer da Freespirit Filmes foi claro: “Produzimos cerca de 100 filmes anuais mas somente 8 ou 10 são competitivos”. Esta história se repete desde os anos 60. UFA! Mais de 50 anos reclamando das mesmas coisas. Quando eu mantive (anos 60 e 70) distribuidora em Curitiba e cinema de arte (Riviera) escutava as mesmas coisas mas com argumentos ainda mais chocantes. Para vocês terem uma idéia: Comprei os direitos de uma fita chamada “Fantastikon os Deuses do Sexo” em 1970, dos diretores Teresa Trautman e José Marreco. Como o título era chamativo, apesar da obra ser uma porcaria total, consegui com a Fama Filmes na época (João Aracheski, Zonaris e companhia), lançamento no Cine Rivoli (hoje uma loja de departamentos). Tinha direito a 50 por cento da bilheteria mas eles formavam praticamente uma máfia de exibição e tive que aceitar ilegais 40 por cento. O filme estourou nas bilheterias em sua primeira semana e programaram a continuação das exibições (com menor porcentagem ainda para mim). E então não rendeu mais nada pois na verdade só tinha de chamativo o título, de sexo quase nada. Assim agiam e ainda agem os distribuidores e exibidores. Títulos atraem; títulos iludem.
 
 
Os donos de cinema brigavam para exibir um filme do Mazzaropi mas passavam ao largo ao serem obrigados a exibir obras de “arte”. Nos anos 50 e 60 as “ditas chanchadas” feitas com nossos comediantes eram disputadas pelos donos de cinema e eram dirigidas por grandes nomes da dramaturgia nacional, muitos deles até hoje na ativa como Carlos Manga ou Silvio de Abreu. Filmes com Oscarito e Grande Otelo, Ankito, Zé Trindade, Costinha, a grande Derci Gonçalves e tantos mais eram esperados pelo público com ansiedade que deixava de lado os grandes astros americanos ou europeus para lotar as salas de exibição que traziam “nossa gente”. Um pouco depois daquela época “Todas as Mulheres do Mundo” de Domingos de Oliveira com Leila Diniz tornou-se um sucesso sem precedentes. Um filme bem feito, comédia bem tratada e interpretada que nada ficou devendo a dezenas de estrangeiros. Em 1985, o pretensioso e enjoativo “Eu Sei que Vou te Amar” (foto 1- divulgação) do hoje comentarista da Globo, Arnaldo Jabor, com uma jovem, bela, sensual e talentosa Fernanda Torres enterrou os cinemas aonde foi exibido. Um filme chato, detestado pelo público. Só para confirmar minhas palavras veja os filmes de maior público do cinema nacional até hoje – segundo o site Filme B) e compare com tudo que foi dito aqui: “Tropa de Elite 2” (mais de 11 milhões de espectadores); “Dona Flor e Seus 2 Maridos” (mais de 10 milhões); “O ÉBRIO” com Vicente Celestino e rodado em 1946 (mais de 8 milhões); “Casinha Pequenina” e “Jeca Tatu” com Mazzaropi (mais de 8 milhões importante frisar que todos os outros filmes do comediante foram bem nas bilheterias); A Dama do Lotação (mais de 7 milhões); “Se Eu Fosse Você 2” (mais de 7 milhões); “O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão ( mais de 6 milhões – todos os filmes dos Trapalhões foram bem em bilheteria); “Lúcio Flávio o Passageiro da Agonia” (mais de 5 milhões); “2 Filhos de Francisco” (mais de 5 milhões de espectadores). Se um pretenso cineasta consegue aprovar projeto, experimental ou não, com verbas públicas, deve ter em mente que, ou faz algo de qualidade para atingir um público grande e desta maneira conseguir grandes circuitos de exibição ou faz o que sua mente bolou e transforma o projeto em algo para poucos, dessa maneira ficando com as salas pequenas e (no interior do Brasil) quase inexistentes. Afinal, o público tem o direito de ir ao cinema e escolher o filme que deseja assistir. Isso não justifica importar bombas, porcarias sem qualidade, mas não obriga também os exibidores a exibirem bombas, ditas “de arte”. Nos anos 50 e 60 havia reserva de mercado que até hoje é discutida e nada resolve...Tudo tem sua hora e lugar... Vamos fazer filmes de qualidade mas que consigam atingir o grande público...

AMOR A CURITIBA

Não posso começar o blog sem a jóia criada pelo músico LUIS FOLMANN para o aniversário de Curitiba em 2012. Vale a pena escutar, escutar, escutar as manias e costumes dos curitibanos e observar a qualidade da composição do jovem artista.